Haggard

(A última do ano)

Para fechar o ano indico uma banda de Classical medieval metal/Symphonic metal/ Folk metal ou simplesmente uma banda com guitarras, violinos, um cara pensando que é o demo e uma mina fingindo ser uma fada.

Sempre achei curioso essa coisa de botar um violino e um violoncelo numa banda de metal e sair por aí dizendo que misturou heavy metal com música clássica (sem contar que alguns se consideram os novos Beethovens…), mas não posso negar que o resultado invariavelmente justifica repetidas audições.

Haggard é uma banda alemã que faz toda essa mistura e que teve uma boa idéia para um álbum conceitual: contar a vida do cientista, matemático e filósofo Galileu Galilei.

Eppur si mouve - 2004

O nome da bolachinha remete à lenda de que Galileu teria sido louco suficiente para balbuciar Eppur si mouve, algo como “mas se movimenta” de acordo com a Wikipedia, ao sair da sala em que acabara de levar uma jeitosa enrabada da Inquisição, além de ter sido condenado a prisão domiciliar, mesmo estando doente e já ter contado 69 primaveras. Para contar essa história, a banda fez um álbum bem interessante, com alguns bons riffs, mas nada muito pesado (ao menos nada pesado levando em conta bandas de Death Metal), com músicas mais longas que o costume sem se tornarem de modo algum enfadonhas.

Ouvi falar recentemente da banda, mas foi uma das boas surpresas que tive neste final de ano. Para saber mais não só deste álbum como dos três outros lançados, And thou shalt trust… the seer (1997), Awaking the centuries (2000) e Tales of Ithiria (2008), dêem uma olhada no site oficial da banda.

Como não consegui encontrar um vídeo da banda que o acesso não fosse restrito ao youtube, ao invés de pôr os vídeos aqui como normalmente faço, deixo aqui o link direto para música título do álbum.

Glenn Gould

(Uma vida inteira para isto!)

Poucas coisas são melhores que Bach, ainda mais quando a obra desse gênio é tocada por um dos mais talentosos instrumentistas do século XX. O canadense Glenn Gould se destaca como um dos maiores intérpretes de Johann Sebastian Bach que eu ao menos tive a felicidade de ouvir e também como um dos músicos mais exóticos do século passado. Em sua juventude, Gould se destacou pela sua virtuosidade, seu jeito único de tocar e por cantarolar algumas melodias enquanto as tocava no piano. Além disso, tornou-se “popular” pelas diversas gravações em que aparece tocando Bach de uma forma descontraída, porém impecável na execução. Seu reconhecimento cresce com a gravação das Variações Goldberg, conseguindo inclusive fazer shows na União Soviética em plena Guerra Fria. Com o passar dos anos, Gould passou a ser cada vez mais obsessivo por controle chegando ao ponto de somente dar entrevistas com perguntas e respostas previamente escritas por ele. Somado a isso, tornou-se também hipocondríaco. Mais maduro, abandona os palcos (nunca gostou de fazer apresentações) e se dedica a gravações em rádios. Regravou as Variações Goldberg, deixando de lado o virtuosismo da juventude. Os vídeos a seguir são dessa segunda gravação, mais sóbria e direta que a primeira, belíssima.